quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O nosso amor a gente inventa

quarta-feira, 25 de novembro de 2009 5

Ali estava ele mais uma vez, sentado cabisbaixo em um canto escuro, o dia era nebuloso, tedioso e gris, muito gris, como a muito já não era. Já mendigará a muito e várias vezes por atenção, compreensão e até amor, mas não mais o cabia tal atitude, e foi por pensar assim que se aquietou ali, meio afastado, meio tristonho e meio mocorongo.

Em toda sua vida julgou saber amar, viveu grandes aventuras, não tão grandes assim, mas que mereciam serem contadas, pelo menos para os amigos mais chegados, para que soubessem que já havia vivido algo de “interessante”, e para que pudesse comparar suas experiências com as demais. Claro que chorou por várias vezes, sorriu por mais vezes ainda, se sentiu aconchegado, cobiçado, logo mal amado e depois enganado. “Nem toda história tem um final feliz”, com certeza ele era uma das pessoas que não precisa mesmo ouvir tal expressão.

Sabe quando se tem uma noção formada de algo? E realmente se acredita imensamente que aquilo é assim como se pensa, você acredita com tanta certeza que mesmo se soubesse que era mentira continuaria acreditando por tamanha vontade que aquilo fosse como você queria que fosse? Bem, é mais ou menos assim que conheceu o amor, deixou se levar pelas belas palavras, bons momentos, carências supridas pelo sexo de tamanho infinito que lhe satisfazia plenamente por questões de horas, várias horas pra falar a verdade, mas que depois de repente sumia e ele ficava ali “meio bomba”, lamuriando-se pelos cantos, pós tudo isso era só acrescentar mais alguns gestos que lhe agradavam de maneira adequada ao seu ego e estima e pronto! Lá estava ele, mais um tolo incompreendido, cego emocional, bestificado por achar que estava amando, quando na verdade aquilo tudo não passava de uma paixão que duraria por umas semanas e que por um detalhe inútil e fútil sumisse de repente. Depois que a paixão passa, e que todo aquele encanto de começo de história é quebrado, se não vier o amor em seguida ou ao decorrer do tempo que estavam juntos, não se engane ao pensar que algo tão complexo como o amor se materializara do nada, e que tudo será um conto de fadas de final feliz, talvez nem restem boas lembranças, talvez nem mesmo a amizade vá restar, ou ainda pior você pode ganhar mais uma pessoa a quem possa chamar de filho da puta.

Pois bem, e lá no cantinho, rodeado por seu mundinho turvo e ainda mal interpretado continuava ele sentado a refletir sobre seus supostos amores vividos, no momento começara a clarear-lhe a mente, os amores que de fato deveriam ser inesquecíveis não lhe eram de tão fácil acesso na memória. Mas como assim? Creio eu, um ser imensamente ignorante, que os nossos grandes amores são aqueles que devem ser lembrados eternamente, ou pelo menos por tempo suficiente para que novos personagens de maior importância lhes apaguem lentamente da memória, talvez não necessariamente apagar totalmente, mas o suficiente para que não possam mais voltar incomodar. Então como é possível amar e esquecer de repente ou só se lembrar por algumas frações minúsculas de segundos? Se for amor, que seja duradouro e inesquecível, agora se sabe que é paixão não se apegue a detalhes mesquinhos de recordações com prazo de validade estourando a qualquer momento.

O moço tristonho agora resolvido que nunca amara de verdade nem quis se levantar dali, ao levantar a cabeça podia perceber que chorava e sorria ao mesmo tempo. Era complexo demais para mim tentar entendê-lo, se estava bem ou mal ao certo eu não sabia, a única certeza que eu tinha é que o amor é complexo demais para ser entendido.


" O nosso amor a gente inventa pra se destrair, e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu. "


( Rafael Augusto)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Bom até certo ponto.

terça-feira, 20 de outubro de 2009 6

Devagar foi ficando para traz todo aquele asfalto ardido, e enquanto caminha vagarosamente rumo a casa foi se desfazendo de um peso que lhe atordoava há algum tempo, sua proteção contra novas aventuras emocionais, sua armadura criada por si mesmo há pouco tempo atrás foi ficando ali pelo chão, cintilando de longe para quem observasse o ser cabisbaixo que perambulava por ali, passadas pesadas e pensativas.

Nunca temeu dizer que amava até algum tempo atrás, alguns casos, amores, paixonites, algumas transas casuais, já havia percorrido por um pouco de cada, mas nesse entretempo amar se tornou pesado demais para dizer, para sentir, para respirar, e até mesmo pra escrever, seu receio mesmo era ser amado. Por isso há algum tempo já não lhe favorecia sentir nada por ninguém, a não ser é claro sentimentos que de certa forma lhe enchiam o ego e lhe engrandecia a auto-estima, foi esfriando, esfriando...

Na triste caminhada foi deixando de temer a dor, ou o amor, era angustiante se sentir sozinho, mesmo cercado de grandes multidões. – Fraquejava? Perguntava a si mesmo simultaneamente, mas obtinha sempre a mesma reposta vazia. Nada! Era frio o lugar que permanecera durante todo esse tempo, fora tamanho o frio que se expandiu pelo se seu corpo, tomou lhe a alma, e finalmente parou seu coração.

Sentiu-se arrependido? – Não. Tivera que passar por todo aquele trajeto para se tornar o que é hoje. Agora tenta aquecer seu frio coração.


( Rafael Augusto)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

De palha

segunda-feira, 13 de abril de 2009 5

De palha. Era disso que era feito. Vou lhes confessar que foi umas das pessoas mais diferentes que eu já vi. Enquanto a maioria das pessoas buscavam ser felizes, ele buscava ser de carne. Só depois fui entender que ele havia colocado na cabeça que só seria feliz assim e que no fim buscava realmente o que todos buscavam. Sendo igual as outras pessoas, de carne e osso, seria mais fácil. E era isso que buscava quando eu o encontrei.

No pouco tempo que conversamos descobri que realmente havia pessoas de gênios mais fortes que o meu, e ele era um deles. E me segurei pra não chorar diante da história dele. De uma família de sete filhos. Ele. O sétimo. O único. Havia nascido feito de palha. E não havia uma explicação lógica. E ficar procurando explicação para isso não mudaria as coisas. Ele era assim, mas acreditava que poderia e queria mudar. Seria mais fácil ser como os irmãos. E eu que já tinha ouvido falar desde vampiros a garotas de vidro, me assustei com um garoto de palha.

De paciência curta, se estressava tão rápido como a palha pegava fogo. Definitivamente, paciência não era uma de suas qualidades. Ansioso. Acredito que a paciência é inversalmente proporcional a ansiedade. Não se pode ter as duas.

Certa vez ouviu falar de um caminho de tijolos dourados, mas achou que era tudo bobagem. Eu dava despistadas risadas da blusa que usava. “É proibido fumar”. E se contradizia em duas tragadas. Fumava pra se acalmar, mas não percebia o quanto aquilo era perigoso. A palha queima muito rápido. Eu com minha mania de conselhos chatos preferi ficar calado. Eu já havia percebido o teor de sua paciência.

E aos poucos fui entendendo que a palha mostrava a essência dele.

E ele viajou pra longe a espera de encontrar o que lhe faltava. Partiu pra perto do irmão que mais amava com a mala cheia de sonhos e a esperança de que um dia, acordaria como os irmão. Acreditava que existia uma regra certa ou um lugar exato pra ser feliz. Mas não havia. Foi lá que ele entendeu que poderia estar em qualquer lugar e feito até de vento e poderia não ser feliz. Não poderia enquanto não aprendesse a viver com os defeitos. Voltou mais rápido do que esperava.

Questionava que sendo de palha não poderia ser amado e se esquecia das inúmeras qualidades que possuía. Cantava e tocava violão como ninguém. Escrevia bem também. Ria de piadas sem graça. Era inteligente e campeão estadual de war. Se ele se escutasse enquanto cantasse, nem notaria a palha.

Um dia se cansou de tudo. De esperar ser feliz, de esperar ser de carne, de esperar a paciência, de esperar, que correu sem direção até chegar em um local completamente escuro para que acendesse o seu inseparável isqueiro e colocasse fim a sua espera. E como toda magia de todas histórias, o fogo iluminou um caminho que tava ao lado, mas não havia percebido.

O que parecia ser o fim se tornou uma oportunidade de um novo começo.

Resolveu acreditar e com passos curtos iniciou a caminhada.

E foi ai que eu o encontrei e pude lhe ouvir. Mas o tempo era curto e havia muitos outros passos para dar.

E aos poucos fui entendendo que a palha mostrava a essência dele. Talvez se ele não fosse de palha, não teria a mesma graça. Talvez nem teria graça. Mas torço pra que ele consiga achar o fim dos tijolos amarelos. Pra que mande cartas escritas á mão feita de ossos. Talvez no fim do caminho, ele descubra que a maneira mais fácil de se tornar feliz, é olhar ao redor e perceber que já é feliz.

(por Vinícius D'Ávila)


" São nos pequenos atos praticados em nosso cotiadiano, ao lado de pessoas que amamos que percebemos a grandeza de uma amizade verdadeira. "

( Rafael Augusto )


domingo, 22 de março de 2009

Felizes para sempre até que ponto ?

domingo, 22 de março de 2009 4


Começo de um possivel  fim.

 

A rua já era conhecida por ele, caminhara por ali outras vezes, mas dessa vez era diferente das demais. O clima estava meio sombrio, denso, o cominho para casa nunca fora tão grande, mas mesmo assim seguiu soluçando entre as silhuetas escuras que às vezes lhe encaravam pelo canto dos olhos, seguia deslizando os dedos sobre a superfície áspera do muro branco que serpenteava a sua frente ate onde a vista turva alcançava, parecia interminável, na cabeça apenas imagens turvas do que havia lhe passado, no peito um aperto que parecia lhe comprimir ate a alma, seu corpo apenas seguia o que havia habituado a fazer . Era tarde, mas com certeza horário não era o que ele tinha em mente enquanto caminhava atordoado. Horas atrás estava torcendo para que os minutos demorassem a passar para que não precisasse ir embora, agora a agulha do relógio de pulso parecia não mover.

 

No começo.

 

A imagem sorridente a sua frente lhe fazia sinal para que entrasse logo, parecia ansioso, mas era evidente o ar de preocupação pairando ali, atendendo lhe o pedido deixou a calçada para traz e adentrou na casa amarela, não podia esperar mais nem um minuto pelo que passara algum tempo planejando.

A figura estendeu-lhe a mão novamente conduzindo ao interior da casa, não havia muito que falar, suas longas conversas deixavam para depois dos atos seguintes, lá dentro, o silêncio era quebrado apenas pelo som da respiração que a cada minuto se tornava mais ofegante, assim seguiu por um bom tempo.  Agora no quarto sob luz baixa cumpria se todas as expectativas.

 

Penúltimo ato.

 

A noite poderia ter terminado como qualquer conto de fadas (felizes para sempre e etc...) se não fosse pela cena de novela das oito tomando parte da realidade (a esposa bandida trai o marido com um fulano qualquer, e depois de uma bela transa ainda tem a cara de pau de contar ao corno que esta com outro), é, foi mais ou menos isso que aconteceu. Se fosse descrever detalhadamente esta cena, Shakespeare se reviraria no túmulo (que Deus o tenha!), seria o melhor drama contado por mim (e olha que de drama eu entendo).

Após o fato tinha ele duas escolhas, aceitar ser um personagem secundário de sua própria historia e seguir compartilhando de um mesmo coração, ou terminar a noite sem um beijo de despedida e seguir rumo ao muro branco ate perder de vista para sempre a casa amarela, nenhuma das opções lhe caiam bem, a historia já não era tão fabulosa como a princípio achava, a escolha era tão dolorosa quanto à descoberta anterior, mas teu orgulho e amor próprio falaram por ele, entre lagrimas e sem beijo de despedida deixou a figura em pé no portão sem expressão fitando-lhe as costas enquanto seguia cabisbaixo sumindo na noite escura que lhe absorvia.

 

Queria poder ter escrito um ato final que pudesse encerrar com “felizes para sempre”, mas nem todas as historias tem um desfecho como esperado, vou deixando então um penúltimo ato, porque talvez esse não seja realmente o final, não estou dizendo que quero continuar a escrever este conto (porque não quero), na verdade prefiro acreditar que o haverá outras historias para redigir, com finais que tragam felicidade ao personagem principal, mas enquanto isso vou seguir as linhas que um autor muito maior que eu já tratou de escrever para mim.

( Rafael Augusto)


" Um dia o homem aprenderá que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que ele o conserte. "

domingo, 15 de março de 2009

E você, o que apagaria ?

domingo, 15 de março de 2009 4

Existem coisas, fatos, romances, paixões, para complementar, “pessoas” que deveriam ser facilmente apagas de nossas mentes, que conseguíssemos deletá-las  simplesmente  como o toque em uma tecla qualquer, ainda tenho esperança que nasça alguém com capacidade mental  superior as existentes hoje, que esse prodígio seja suficientemente capaz de inventar tal beneficio para que a humanidade possa gozar de uma vida plena e sem lembranças indesejáveis rondando a sua cabeça.
Se nos fosse dado uma chance apenas de apertar essa tal “tecla” imaginaria, teríamos que usá-la com cautela, algumas lembranças dolorosas nos servem de aprendizado. Se você escolhe apagar algo que tenha lhe trazido algum beneficio que tenha passado por despercebido, você logo o perderá também, e talvez tenha alguma dor de cabeça para adquiri-lo novamente.
Se me concedessem tal beneficio, eu poderia apagar alguns fatos que me agoniaram, descontrolaram e que me deixaram em situações no mínimo desconfortáveis, mas e a experiência adquirida pós esses fatos? Bem, melhor mudar de idéia quanto aos fatos e tentar apagar um romance, daqueles barangos, casual pra ser mais sincero, mas... Porque apagaria algum desses romances pouco duradouros? Esses não me beneficiaram muito, mas também não me prejudicaram em nada (pelo menos ainda estou vivo), melhor ir seguindo a listinha, que tal deletar uma paixão ? Não seria nada mal ter uma decepção a menos na memória, mas creio que não seria muito inteligente de minha parte, pelo menos pensando de um ponto de vista diferente de alguns que se talvez tivessem vivido drama igual ou no mínimo parecido, não perderia tempo algum em duvida sobre apagar ou não, de cara apertaria “Del” e “Adeus sofrimento!”, voltando ao que interessa, eu por outro lado vou deixar as paixãoes de lado também, melhor não deletá-las, lembra que com elas iria junto todo o aprendizado obtido? Pois então, não quero viver tudo de novo.
Uma, duas ou até três paixões, e basta, quatro já seria demais, com as loucuras da primeira, com a decadência da segunda, com as lagrimas e todo o sofrimento da terceira, imagino que minha quarta paixão venha como um tornado, destroçando qualquer coisa que se imponha  a ele, incluindo a minha pessoa (isso causa medo).
O ideal então seria deixar os fatos, romances, paixões de lado, quietinhos em uma subpasta, se possível no subconsciente, e sem pestanejar pensar na pessoa que nos induziu as loucuras, decadência, lagrimas e sofrimento, e pressionar firmemente “Del”!  Seria perfeito, simplesmente dizendo, pelo menos alguns fatos, romances, paixões futuros não te relembrariam a certa pessoa (digo isso por experiência própria), e você ainda manteria seu conhecimento adquirido anteriormente, claro essa é minha idéia, a aqueles que preferem viver de lamentações eternas por um amor perdido, eu por outro lado prefiro facilitar as coisas pra mim mesmo.
Voltando a realidade, como ainda não inventaram a tecla “Del” para nossas recordações, vou sobrevivendo como posso, substituindo “arquivos antigos”, por coisas novas (se é que me entende), inovar é uma boa opção a cada final de semana (não, não sou galinha!), mas ficar parado enquanto o novo "Einstein" seja produzido não me parece ser uma idéia de gênio.

(Rafael Augusto)

domingo, 8 de março de 2009

Ataque cardiaco e folhas secas.

domingo, 8 de março de 2009 6

-   Quase não posso ouvi-lo!

Sussurrou em voz baixa. A voz que vinha de pouco abaixo do meu queixo era abafada pelo som da chuva que começara há pouco, chegava aos meus ouvidos em um tom tão baixo que quase perdia ao expandir-se no ar.

Antes de retrucar a afirmação fiquei fitando por um momento as estrelas falsas que cintilavam no céu de concreto, meus olhos faiscavam, a sonolência ia me dominando aos poucos, claro que todo o álcool consumido na cena anterior ajuda um pouquinho.

-   O que você não consegue ouvir?

Eu já sabia do que se tratava, mas preferia fazer de desentendido naquele momento.

-   Seu coração.

A resposta nem tardou a sair, as tão poucas sussurradas palavras me fizeram refletir.

Era tão imperceptível que nem eu mesmo conseguia senti-lo, mas eu sabia que meu coração estava ali (pelo menos queria muito que estivesse), não poderia ter simplesmente desaparecido, eu o havia sentindo pulsar forte, muito forte, na pequena corrida da noite passada (quase o coloquei pela boca) quando  tentava assustar as meninas com uma folha seca como se fosse uma barata  (ta eu sei, não tive infância), mas voltando ao assunto,  acho que é a idade esta me alcançando vagarosamente no gozo da minha juventude.

Onde estaria meu coração naquele momento? Queria muito um estetoscópio em mãos, e sempre bom ter certeza de tudo (ainda mais quando esse “tudo” se refere a nossa pessoa), pelo menos assim eu ficaria menos preocupado com a ausência de um coração em meu peito.

Peguei meu pulso esquerdo, pressionei meus dedos no ponto exato, e lá estava ela (alívio), a pulsação, nunca foi tão agradável senti-la, pelo menos agora sabia que algo estava bombeando o sangue para o restante de meu corpo. Bem, creio que era o coração, pois até hoje desconheço outro órgão que tenha tal funcionalidade, acho que nenhum se assemelha a ele.

Imagina se de uma hora para outra um órgão qualquer assumisse o renomado cargo cardíaco, e assim sucessivamente ate que eu estivesse pensando por outra cabeça (é, eu sei que minha imaginação é foda).

Acho que ainda tem muito etanol em meu organismo (vou parar de beber! “haha” até parece). Esses pensamentos tomaram alguns segundos de meu raciocínio ate que finalmente se transformaram em palavras.

-   Acho que estou tonto.

Nossa! São incríveis essas desculpas esfarrapadas elaboradas momentaneamente para abafar qualquer situação que possivelmente possa nos trazer algum desconforto futuro. Na verdade  naquele momento eu estava desconfortável, pouco empolgado, meio alcoolizado e nada excitado! Pronto, se fosse tudo ao contrario a noite seria no mínimo prazerosa (não, eu não sou pervertido!). Mas nem sempre as noite são como planejamos, não que eu tenha planejado nada, mas é que... melhor deixar pra lá.

-   Então não beba mais.

-   Tudo bem. (fim de papo!)

O resultado de uma desculpa esfarrapada bem dada pode ser muito satisfatório, alem de você se livrar de uma possivelmente cara amarrada ou uma discussão ilógica sobre “o que há de errado comigo?” (neste caso com a outra pessoa),se você for “expert” no assunto pode ainda levar lucro na historia, digamos em palavras mais simples que desculpas esfarrapadas aplicadas de tal forma não fazem mal a ninguém, os dois lados saem satisfeitos (alias, talvez não completamente), ainda estou alterado, desgastado, e continuo virgem (“haha”).

Mas pelo menos no fim de tudo sei que tenho coração, neste silêncio cruel que habita meu quarto abafado, é nítido o som emanado de meu escasso peitoral.

Mesmo que eu não use muito de minha bomba ejetora de sangue (inconscientemente falando), ele estará ali, pra quem sabe um dia alguém consiga lhe provocar um ataque cardíaco.

( Rafael Augusto )

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Apenas mais algumas palavras

terça-feira, 13 de janeiro de 2009 5

Amargo, doce ou salgado ...
E difícil destingir o gosto quando se está vulnerável.
Balbuciei muita coisa em vão (ou talvez não),
Creio ter abusado das palavras ao decorrer do dia
Mas me sentia até então à vontade em pronuncia-las 
Talvez guarde muitas palavras e não saiba quando dizê-las,
O tempo às vezes tarda a passar
É como anos em dias
Apenas mais cansativo, monótono,
Aos poucos os pensamentos vão se tornando apenas borrões acinzentados,
E as letras turvas, quase ilegíveis aos meus olhos, essas vão se perdendo.
Será que viver é isso ?
Inconsequente?
Ou talvez um sonhador...
desses que voa alto sem lembrar que suas asas são imaginárias
e que se esquece que a capacidade de voar não é pra todos
Sem asas longe do chão,
Percebe-se que o ar é escasso, e que a gravidade se faz presente,
Volta a cair...
Talvez permanecer inerte no chão seja uma outra boa opção de defesa,
Mas é com quedas que os pássaros aprendem a bater asas
E talvez seja com os pássaros que eu aprenderei a voar!

(Rafael Augusto)

" Si te hayas olvidado como volar, dame tu mano que te llevo. "

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Uma nota acima do normal

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009 5


Antes de tudo...
Vou ficar quieto até que caia o escuro da noite
Vou fazer silêncio ate que os poetas estejam dormindo
Vou esperar que a tormenta passe, e que o céu ganhe sua tonalidade calma e azulada.
Calado e quieto! não por ter vergonha de dizer-lhes o que sinto,
Talvez seja por ter vergonha de abusar de certas palavras.
Ou não abusar!
Ou quem sabe realmente seja medo!
Será este o momento certo para dizer-lhe?

“O tempo que for necessário”, eu te disse!
Mas... pra que abusar do tempo?
Já que premeditamos o que passará?
Digo por mim!?
Digo o que desejo!
Talvez seja o que você queria escutar, o que te incentivaria,
Ou ainda o que acabaria com os empecilhos.
Desejar demais seria pecado!?
Creio que pecado seria deixar tudo subentendido como foi de primeiro momento.

Talvez ficar calado seria uma boa escolha ( ou não ).
Ignorância a minha?
Ou será sua?
Darei tempo ao tempo,
Mas na certeza de que o tempo não levara suas dúvidas
Mas poderá ofuscar minhas certezas!

"Aún esperando... porque quiero! "

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Brincando de Poeta...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008 6

Arrependimento

Arrependo-me...
Das coisas que um dia deixei de fazer
Coisas que não mais voltam,
Que o tempo leva sem se quer pestanejar.
Arrependo-me...
Do beijo que não dei ...
a palavra que não falei...
o olhar que eu não troquei...
Os sentimentos que não deixei fluir,
Nem se quer existir.
Tudo isso não voltará
O tempo chance alguma me dará
Arrependo-me dos momentos que deixei de viver ...
do destino que eu poderia mudar
dos sonhos que deixei passar
quem me dera no tempo voltar...
Agora e tarde ...
Tarde pra beijar...
pra falar ...
pro olhar trocar...
"ai ai" quem me dera se no tempo eu pudesse voltar...
Tarde, sempre será tarde...
Ah que arrependimento amargo!

(Rafael Aususto)

Terra de Gigantes


Seu cabelo grande e loiro se espalhava com o vento, não tinha vícios, nem atitudes rebeldes, seu jeito moleque e desengonçado de andar estampava seus 15 ou 16 anos de idade, bermuda, all star e uma camiseta qualquer lhe faziam sentir-se normal entre seus poucos amigos, sentia se 
apenas mais um entre milhões, porém em seu íntimo ele sabia o quanto era diferente, gostos, ideais, desejos todos diferentes dos demais, mas nada tão banal, era diferente mas não havia deixado de ser um adolescente tal como os demais.
Sentia-se preso, preso ao mundo, preso a pessoas, queria tornar-se livre, expandir sua mente, mas seus pés estavam atados ao chão, era incapaz de voar, conhecer novos horizontes.
Acompanhado do velho amigo negro, seu violão, buscava tocar acordes melancólicos, suaves, de tal forma, desligava-se do mundo, esquecia de tudo e de todos, até então nunca havia amado ninguém, tão pouco tinha pressa amar, algumas experiências distintas lhe criaram novas expectativas, lhe despertaram novos sentimentos, dia pós dia apenas sentava e via a vida passar vagarosamente a sua frente, às vezes tentava acompanha-la, mas suas raízes estavam muitas bem fincadas ao chão.
Quando aos 17 anos finalmente reparou que já havia perdido tempo demais da sua vida, percebeu então que o amor existia, se viu gamado, tonto, bestificado, e ao final de tudo deslocado, magoado, decepcionado, passou dias chorando, lhe fez perguntas que jamais obteve respostas, tudo tinha sabor amargo, sentia se queimando por dentro, misto de raiva e desilusão, pensou em desistir de tudo, mas no final, reergueu-se, aparentemente muito mais forte, quis incondicionalmente sacudir a poeira do passado, e buscar a felicidade, levantou-se, mudou seu estilo de ser, vestiu se de negro, era a cor que mais lhe estampava o seu estado de espírito, e foi em busca do que lhe fazia bem, conheceu pessoas e lugares distintos, viveu situações inéditas, entregou-se aos desejos carnais, a vícios, por um momento pensou que finalmente era um ser livre, independente, mas lhe faltava algo, aliás sempre lhe faltou algo, porém antes não era tão perceptível. Recomeçou então a busca pelo que lhe faltava, em várias situações teve a impressão de que havia encontrado o que buscava, na manhã seguinte, sentia-se vazio novamente, e assim foram mais dois longos anos de busca, seus pensamentos embaraçados e ideais turvos fizeram percorrer por caminhos dolorosos, sentiu por inúmeras vezes sozinho, não temia ao mundo como antigamente, apenas se preservava, finalmente aos 19 lhe veio em mente que a vida em geral é uma busca sem fim por coisas que nos fazem sentir bem, às vezes arriscamos percorrer caminhos sem saber o que nos aguarda no final, não a guerra vencida sem que ao menos uma vida tenha tombado no campo de batalha, todos nós buscamos apenas ser completos!

(Rafael Augusto)